sexta-feira, 23 de maio de 2008

Maior que a inflação!



Neste último mês a Laura aprendeu novas palavras.


Antes, era apenas mamãe.

Agora, além de suas chamadas intermináveis para a mamãe aqui, sabe falar papai [mas nos apuros da vidinha dela, ela prefere chamar a mamãe], ábua [leia-se água], outro, auau [cachorro].


Veja-se que em um mês seu aprendizado foi de 400%, no que se refere ao aspecto fala. Ou seja, 3x mais que o juros anual praticado pelos mercenários e capitalistas banqueiros.

Isto é, a Laura desenvolve mais que qualquer aplicação na bolsa de valores.

Por isso, creio que estou muito rica! Rica de amor, beijinhos e felicidade de ver minha F5 se desenvolver assim!





terça-feira, 20 de maio de 2008

Botão on/off


Sim, durante muito tempo desejei que a Laura tivesse um botão on/off para que eu pudesse me alimentar, tomar banho ou simplesmente dormir, como antes de seu nascimento.Mas descobri que nunca mais voltarei à esta condição anterior, ou seja, serei mãe eternamente com todos os intempéries* do ofício. Assim, se por um bom tempo desejei desativar a função mãe, atualmente não consigo imaginar minha vida sem a Laura.

Esterilizar mamadeiras, fazer papinhas [mesmo que seja para jogar fora depois], revisar a mala pra o berçário, ler a agenda diária das atividades do berçário, preparar as chuquinhas, embalar o sono, provocar gargalhadas e pequenas risadinhas das nossas brincadeiras é muito bom.Fico derretida ao vê-la dizer "Aô" ao telefone e deixo ela pedir "ábua" mais de uma vez apenas para admirá-la!
Também retornei a uma parte de mim esquecida. Agora meu programa favorito no jardim de casa é tomar água abaixada diretamente da torneira junto com a Laura! Que copo, que nada! O bom é fazer diferente! Molhar o pão no café, andar de mãos dadas e de repente soltar um berro "vou pegar a Laura" e ela sai correndo em passos apressados e cambaleantes soltando pequenas risadinhas tentando fugir de mim! E antes de dormir, olhá-la e pensar que tudo valeu a pena.

Me sinto orgulhosa em saber que irei contribuir para o crescimento da minha filha, para que ela se torne uma mulher com valores e princípios éticos, para que ela se torne uma pessoa melhor e principalmente, bem melhor que eu.

INTEMPÉRIE, do Lat. intemperie. s. f., mau tempo; perturbação atmosférica; tempestade.

Eu me rendo!



Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.

Uma das mentiras: É a de que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.
É muito simples: não podemos.


Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante. Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?

Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos. Ah, quanta mentira!

Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison. Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.

Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.

É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour. Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.

Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido. Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo. E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado - ou marido - que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver .

Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão. Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria.

Parabéns para quem consegue fingir tudo isso....


[DANUZA LEÃO]

Fui escolhida!



Agora eu percebo que mesmo no meus maiores momentos de autonomia*, eu não escolhi! Não fui eu que dirigi minha vida! Forças ocultas e maiores que minha própria vontade sempre me levaram aos caminhos sinuosos da vida!


E isso começou na primeira infância: Fui adotada, minha mãe me escolheu! Agora, adulta, fico imaginando que tamanho de amor é esse que transcende os laços sanguíneos e caracteres genéticos?


Já em relação à minha filha, Laura, eu também não a escolhi! Justamente, não quis ser mãe! Amo dormir a noite inteira, a manhã inteira e quiçá a tarde também. Não sei cozinhar e há muito perdi a satisfação por afazeres domésticos! Da mesma forma, irritava-me com choro de criança, birras e qualquer outro fato ligado à estes pequenos seres não falantesMas ela me escolheu. De início achei meio estranho ser mãe, afinal, apesar de beirar a "maturidade" me sentia mais filha do que qualquer outra coisa.


Mas a partir daquele momento eu deveria não apenas dirigir a minha vida com perfeição, mas saber dirigir a da minha filha também!


Estou tentando até hoje! Confesso que acho uma tarefa árdua. Ainda não me habituei com a minha rotina que a Laura já tomou como hábito. Lógico é a rotina dela e não a minha!No entanto, tal experiência é recompensadora!Vejam bem! No auge da minha carência típica do signo de peixes, sou a pessoa mais importante do mundo para minha filha! E isso, nem meu mastercad paga!


"autonomia" do Gr. autonomia, autós, próprio + nómos, leis. f., estado do que é autónomo; liberdade moral ou intelectual; independência administrativa e/ou financeira; liberdade que tem um país, uma região, de se administrar segundo as suas leis.