É na infância que se constroem os alicerces da auto-estima - fator essencial ao equilíbrio emocional do ser humano.
Você brincou com seu filho hoje?
Deu uma paradinha para ajudá-lo a escovar os dentes?
Zangou-se porque ele estava fazendo algo errado, mas explicou o motivo? Elogiou quando ele guardou os brinquedos?
São os pequenos cuidados do dia-a-dia que comunicam à criança o quanto ela é amada e desejada. “Muito mais do que mil palavras, beijos ou abraços, é o tempo que você oferece a ela que a faz sentir-se querida, aceita e importante”, ressalta a psicóloga Lidia R. Aratangy, de São Paulo.
Fazer com que seu filho cresça com auto- estima elevada não requer grandes conhecimentos de psicologia, basta deixar aflorar seus sentimentos de forma intuitiva. “A idéia que a pessoa tem a respeito de si própria, isto é, a auto-estima, adquire com a vida e depende, a princípio, da relação que a criança tem com seus cuidadores”, explica Ceres Alves de Araújo, psicóloga e professora de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ao sentir-se amada e ao perceber que tem a aprovação daqueles que são importantes para ela, passa a gostar de si mesma.
É importante que o interesse e o afeto sejam sinceros, pois a criança capta as emoções. Se soarem falsa, ela vai perceber. Por outro lado, a presença, a atenção verdadeira e o sentir-se cuidado transmitem a mensagem “meus pais estão aqui para me acolher e proteger”. Esses são os alicerces da autoconfiança. Em contrapartida, quando a criança é negligenciada, sobretudo em termos de afeto, pode se tornar um adulto inseguro e com auto-estima baixa.
“Nos primeiros anos de vida, construímos a noção fundamental de nós mesmos como pessoas capazes ou incapazes, com ou sem valor”, destaca a psicóloga Maria Tereza Maldonado, de Rio de Janeiro. Portanto, as atitudes dos pais são determinantes no desenvolvimento da auto-estima do seu filho. Confira a seguir como agir para que seu pimpolho cresça de bem com ele mesmo, mas esteja atenta aos exageros:
Jogo limpo:
Não deixe seu filho ganhar sempre no jogo. “Do contrário estarão passando a mensagem de que ele é ‘o sabe-tudo’ e acabam perdendo a oportunidade de ensiná-lo realmente a jogar”, diz Lidia. “E a criança ficará frustrada ao jogar com um amiguinho e não conseguir vencer”.
Palavras que ferem:
Algumas frases comuns costumam minar a auto-estima. A psicóloga Maria Tereza Maldonado chama a atenção para as palavras: “Você é bagunceira e teimosa!” Faz uma enorme diferença se dissermos: “Fico danada da vida quando vejo que você não guardou os brinquedos como combinamos; vá guardar agora mesmo!”
Olhar coruja:
Não tenha medo de achar que seu filho é o mais lindo do mundo. “Mãe pensa exatamente dessa forma”, afirma a psicóloga Ceres. “E seus olhos podem transmitir isso, pois ainda bebê a criança aprende a decodificar seu semblante. A sensação de ser amado e protegido é despertada a partir do olhar amoroso dos pais.”
Elogios sem medo:
“Todos gostam de elogios verdadeiros e ouvi-los faz muito bem”, afirma Ceres. “Mas faça-os sob medida, dizendo claramente o que apreciou na conduta da criança, sem, contudo, aprisioná-la em expectativas de que sempre se comportará de modo exemplar”, acrescenta Maria Tereza.
A vez do desabafo:
Não se deve censurar o sentimento de raiva. “No entanto, é preciso ajudar a criança a expressá-la de modo não destrutivo”, salienta Maria Tereza. “É aceitável falar sobre o que nos deixou enraivecidos, mas não expressar a raiva de modo que machuque ou humilhe os outros.”
Personal trainer:
Ter destreza, agilidade motora e domínio do corpo são os fatores que mais fortalecem a auto-estima. “Usar o corpo com eficiência gera segurança e autoconfiança”, ressalta Ceres. “Por isso, os pais devem estimular o filho a praticar esportes, colocá-lo na aula de natação, ensiná- lo a andar de bicicleta...”
Caça-talentos:
É também função dos pais ajudar o filho a descobrir seus talentos e aptidões desde pequeno. Esteja atenta para reconhecer e incitar o desenvolvimento de habilidades. Por exemplo: se percebe que a criança gosta de ouvir histórias, compre livros, leia para ela.
Dê asas:
Não faça pelo seu filho o que ele pode fazer sem ajuda. Encorajar a autonomia da criança favorece a formação da auto-estima. Permitir que ela tenha experiências sozinhas, como calçar e amarrar os sapatos, é precioso para o desenvolvimento da autoconfiança.
Para saber mais:
Uma seleção de livros para ajudar pais e mães na arte de criar um filho•
- Pais que educam: Uma aventura inesquecível, de Ceres Alves de Araújo, Editora Gente. Esclarece dúvidas sobre o limite desde os primeiros meses de vida e, entre outras coisas, como estabelecer uma comunicação eficiente e carinhosa com os filhos.
- Como educar meu filho?, de Rosely Sayão, Publifolha. Reúne artigos sobre educação familiar publicados pela psicóloga no jornal Folha de S.Paulo.• A arte de ter filhos – Jeitos simples de dar uma chance ao seu futuro, de Véronique Vienne, Publifolha. Retrata, de forma divertida, os desafios do dia-a-dia, o aprendizado contínuo e a felicidade de ser mãe ou pai, antes e depois do nascimento do bebê.
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